China dá troco aos EUA e trava entregas de jatos da Boeing em resposta ao "tarifaço" americano
Como forma de contenção de danos, o governo chinês está a estudar formas de ajudar financeiramente as companhias aéreas que arrendam aviões da Boeing e enfrentam aumentos drásticos nos custos.
Jandira Fernandes
4/15/20252 min read
Com a decisão de Pequim, esses planos ficam suspensos e o futuro dessas encomendas passa a ser incerto.
A tensão comercial entre as duas maiores potências do mundo voltou a subir de tom. Em resposta direta às novas tarifas de até 145% impostas pelos Estados Unidos a produtos chineses, o governo de Pequim decidiu barrar a entrega de novos jatos da Boeing às suas companhias aéreas — um duro golpe para a fabricante americana, que já enfrenta sérios desafios.
Mas a retaliação não parou por aí. Segundo informações reveladas pela Bloomberg, as autoridades chinesas também orientaram as transportadoras do país a suspender a compra de peças e equipamentos aeronáuticos de empresas norte-americanas. A medida deve elevar significativamente os custos de manutenção das aeronaves Boeing atualmente em operação na China.
A reação do mercado foi imediata: as ações da Boeing registaram uma queda de 2% no início do pregão desta terça-feira (15). A empresa, que considera a China um dos seus mercados mais promissores, vê agora a rival europeia Airbus e a fabricante chinesa COMAC ganharem ainda mais terreno.
Vale lembrar que Air China, China Eastern Airlines e China Southern Airlines tinham planos ambiciosos: juntas, esperavam receber 179 jatos da Boeing até 2027. Com a decisão de Pequim, esses planos ficam suspensos e o futuro dessas encomendas passa a ser incerto.
Este novo embate comercial insere-se numa guerra tarifária cada vez mais acirrada. Recentemente, a China já havia elevado os impostos sobre produtos americanos para até 125%, como forma de retaliar o endurecimento das tarifas por parte de Washington. A disputa ameaça travar o comércio bilateral, que ultrapassou os 650 mil milhões de dólares em 2024, alertam analistas.
Enquanto isso, a Boeing segue a tentar recuperar-se de uma sequência de abalos reputacionais e financeiros, incluindo uma greve trabalhista e o incidente crítico da explosão de uma porta durante um voo no ano passado — que, sozinho, contribuiu para uma desvalorização de mais de um terço das ações da empresa.
Até o momento, a Boeing não se pronunciou oficialmente sobre a decisão chinesa.