Do caos ao canto: Câmara dos EUA vira palco de protesto musical após censura a deputado que desafiou Trump
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos viveu um dia de tensão e simbolismo nesta quarta-feira, quando aprovou a censura ao deputado Al Green, do Texas, por interromper o discurso de Donald Trump no Congresso. O plenário, no entanto, foi tomado por um protesto inusitado: democratas se reuniram em torno de Green e entoaram "We Shall Overcome", hino histórico do movimento pelos direitos civis, em um ato de resistência que forçou a interrupção da sessão.
Jandira Fernandes
3/7/20252 min read


Notícias e Fofocas
A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou, nesta quarta-feira, uma moção de censura contra o deputado Al Green, do Texas, após ele ter sido retirado à força do discurso do ex-presidente Donald Trump no Congresso na noite anterior. A votação, no entanto, foi marcada por cenas de caos e um protesto incomum dos democratas, que interromperam a sessão para cantar "We Shall Overcome" em solidariedade a Green.
Dez deputados democratas se uniram aos republicanos para aprovar a censura, enquanto Green e o novato Shomari Figures, do Alabama, votaram "presente" — uma abstenção simbólica. A medida foi vista como uma resposta direta ao comportamento de Green durante o discurso de Trump, quando ele interrompeu repetidamente o ex-presidente, levando à sua remoção do plenário.
O líder da maioria republicana, Tom Emmer, de Minnesota, criticou duramente a atitude de Green, afirmando que o "surto infantil" do deputado expôs a "desordem e disfunção" do Partido Democrata desde a vitória de Trump em 2016. "Não é surpresa que 198 democratas tenham se recusado a apoiar a censura, dada sua história de retórica radical e inflamatória alimentada pela Síndrome de Trump", disse Emmer à Fox News Digital.
Antes que a censura fosse formalmente lida, os democratas transformaram o plenário em um palco de protesto. Reunidos em torno de Green, eles entoaram o hino civil "We Shall Overcome", em uma cena que forçou o presidente da Câmara, Mike Johnson, a declarar um recesso após várias tentativas fracassadas de restaurar a ordem.
O clima tenso continuou mesmo após o recesso, com trocas acaloradas entre republicanos e democratas, incluindo a deputada Ayanna Pressley, do "Esquadrão", e o novato Ryan MacKenzie, da Pensilvânia.
Os dez democratas que votaram a favor da censura foram Ami Bera (Califórnia), Ed Case (Havaí), Jim Costa (Califórnia), Laura Gillen (Nova York), Jim Himes (Connecticut), Chrissy Houlahan (Pensilvânia), Marcy Kaptur (Ohio), Jared Moskowitz (Flórida), Marie Gluesenkamp Perez (Washington) e Tom Suozzi (Nova York).
A medida foi impulsionada por uma série de resoluções concorrentes apresentadas por republicanos, incluindo uma do deputado Dan Newhouse, de Washington, que conseguiu levar sua proposta a votação após classificá-la como "privilegiada" — um mecanismo que obriga a Câmara a votar a moção em até dois dias.
Newhouse justificou sua iniciativa afirmando que o discurso de Trump "não era um debate, mas uma oportunidade para apresentar sua agenda ao povo americano". Ele acrescentou que as ações de Green "quebraram as regras de decoro da Casa e precisavam ser responsabilizadas".
Green, de 77 anos, já havia causado polêmica em 2017, quando foi um dos primeiros democratas a defender o impeachment de Trump. Desta vez, sua remoção do plenário e a subsequente censura reacenderam as tensões partidárias, evidenciando a profunda divisão que ainda permeia o Congresso americano.
Enquanto os republicanos comemoram a censura como uma vitória simbólica, os democratas usaram o episódio para reforçar sua união interna, mesmo diante das divergências. O protesto musical no plenário, embora incomum, serviu como um lembrete de que, em tempos de polarização extrema, até os gestos mais tradicionais podem ganhar novos significados.