Putin testa os limites de Trump ao exigir a reconexão de um banco russo ao SWIFT como condição para um cessar-fogo, enquanto a UE mantém firmeza nas sanções
Uma estratégia deliberada do Kremlin
O governo russo está a adotar uma abordagem calculada para avaliar até que ponto Donald Trump está disposto a intervir na política de sanções da União Europeia. Seguindo esta estratégia, Moscovo quer medir a capacidade de influência do presidente norte-americano sobre os aliados europeus, específica e particularmente no que diz respeito ao alívio das restrições económicas impostas desde a invasão da Ucrânia.
Reconexão do RSHB ao SWIFT: um teste crucial
A Rússia estabeleceu como condição para aceitar uma trégua no Mar Negro a reconexão de um dos seus principais bancos estatais, o RSHB (Banco Agrícola Russo), ao sistema de comunicação financeira internacional SWIFT. Esta exigência funciona como um teste para avaliar a disposição de Trump em interceder junto à Europa, com potenciais repercussões no afrouxamento progressivo das sanções.
A posição firme da União Europeia
Apesar das movimentações do Kremlin, os líderes europeus reiteraram a sua intenção de manter a pressão sobre a Rússia. Durante a cimeira realizada em Paris, a 27 de junho, a possibilidade de suavizar as sanções foi categoricamente rejeitada. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, defendeu um reforço das medidas para obrigar Moscovo a negociar, enquanto o presidente finlandês, Alexander Stubb, anunciou que a UE já está a preparar um novo pacote de sanções.
Um cessar-fogo condicionado pelas sanções
A Ucrânia comprometeu-se de imediato com o cessar-fogo proposto, mas o Kremlin surpreendeu ao condicionar a sua adesão à remoção das restrições sobre o RSHB e outras instituições financeiras ligadas ao comércio de alimentos e fertilizantes. Essa exigência, incluindo a reintegração no SWIFT, colocou a administração norte-americana perante um dilema diplomático.
Rubio destaca limites da influência norte-americana
O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, esclareceu que algumas das sanções em questão são da alçada exclusiva da União Europeia. Segundo ele, a administração Trump está a avaliar os pedidos russos e a ponderar quais as próximas medidas a serem tomadas, sublinhando que a decisão final cabe ao presidente norte-americano.
Moscovo avalia a posição de Trump
Para o Kremlin, este episódio representa uma oportunidade de testar a coerência e a capacidade de manobra de Trump em relação às suas promessas anteriores. O analista político Pavel Danilin, próximo do governo russo, declarou que a estratégia de Putin passa por compreender como Trump vai lidar com estas exigências e até que ponto poderá influenciar a Europa.
Negociações discretas em Riade
Durante reuniões secretas na capital saudita, as autoridades russas discutiram diretamente com representantes dos EUA a possibilidade de levantar algumas sanções. Segundo Grigory Karasin, membro da delegação russa, a resposta norte-americana foi considerada "tranquila", sugerindo uma maior abertura para o diálogo.
A aposta russa na dissidência europeia
Karasin também expressou confiança de que a Europa, com o tempo, poderia ceder a um "realismo" mais favorável à Rússia. O objetivo de pressionar a reconexão do RSHB ao SWIFT foi pensado estrategicamente para testar primeiro a adesão de Trump e, posteriormente, avaliar se o presidente dos EUA seria capaz de influenciar a posição europeia. Como o SWIFT tem sede na Bélgica e opera sob regulação europeia, qualquer decisão neste sentido dependeria diretamente de Bruxelas.
O impasse e as próximas movimentações
A tensão em torno do tema continua a crescer, e a resposta de Trump será crucial para definir os próximos passos da diplomacia internacional. Com Moscovo a insistir na necessidade de aliviar sanções, a administração norte-americana terá de equilibrar os interesses internos, a pressão europeia e as implicações estratégicas do conflito na Ucrânia.
Putin testa os limites de Trump nas sanções europeias contra a Rússia
O governo russo está a adotar uma abordagem calculada para avaliar até que ponto Donald Trump está disposto a intervir na política de sanções da União Europeia.
Jandira Fernandes
3/29/20253 min read